sábado, 17 de setembro de 2016

A pessoa com deficiência na minha história de vida

Minha memória normalmente funciona em pequenos flashes, meio desconectados. Então, vamos a eles:

Primeiro flash: estou no ensino fundamental, em uma escola estadual de Ribeirão Preto. Um garoto diferente aguarda a chegada da mãe após o término das aulas. O episódio se repete a partir daquele dia. Pouco pude interagir com ele. Mais tarde, soube que ele tinha Síndrome de Down.

Não há lembrança de outros colegas de escola com deficiência.

Já na faculdade de Pedagogia, participei de discussões, realizei leituras e tive aulas ministradas em torno do tema "inclusão". Saí do curso com habilitação para atuar na educação especial, mas não me sentia minimamente preparada para tal.

Segundo flash: palestra na Faculdade de Economia (ao lado do prédio da Faculdade de Educação), sobre a inclusão de pessoas com deficiência nas Universidades. A jovem palestrante, cega, auxiliada por seu cão-guia, conta sua história. História comovente, de obstáculos e vitórias. E eu não me esqueci do Bóris (labrador incrivelmente bem treinado para cumprimento de sua nobre missão).

Pela pós-graduação, passei sem me envolver com a temática.

Terceiro flash: Atuando na Educação Infantil, professora da prefeitura de Jundiaí. Deparo-me com o grande primeiro desafio: Higor não participa ou interage como os demais. Procuro entender. Procuro conversar sobre. Ninguém consegue me ajudar. Sinto-me fracassada.

Ingresso no IFSP em 2011. Alguém me informa sobre a existência do NAPNE. Não me sentia bem nesta tarefa, mas não havia escolha inicialmente. Em parceria com outros colegas, tentamos concretizar algumas ações. Várias frustrações aconteceram, mas algumas conquistas interessantes também.

Último flash: Início de 2015. A equipe do NAPNE está formada em Avaré. Alguém me pergunta se eu quero continuar no grupo. Sim, desta vez eu escolho ficar.

Atualmente, aqui em Jundiaí, estou me propondo a auxiliar na estruturação do NAPNE, uma vez que o campus ainda está iniciando. Apesar dos tropeços, percebo que aprendi. Os receios ainda não foram de todo superados. Entretanto, agora sinto-me mais a vontade para ocupar algum lugar neste desafio chamado inclusão.
Jundiaí, 17 de setembro de 2016. Sábado a noite.

Estou iniciando o curso IFSP para Tod@s e, por esse motivo, criei o blog. Não sou muito afinada ao uso desse tipo de ferramenta. Mas, isso que não significa que não consiga transitar por esse mundo com relativa facilidade. Por incrível que pareça, já estive na "vanguarda virtual" em outros tempos da minha vida, lá pelo final da década de 1990 (É, já faz tempo!). Vamos ver no que vai dar desta vez!